UEMS realiza aula magna do curso de Pedagogia Intercultural Indígena em Amambai

UEMS realiza aula magna do curso de Pedagogia Intercultural Indígena em Amambai

Por:Eduarda Rosa e Rubens Uruê 31/03/2023 13:43

A Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Unidade de Amambai, realizou a Aula Magna do Curso de Pedagogia Intercultural, com o tema: A importância da Formação Intercultural para professores Indígenas da Educação Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental, será proferida pela Profª. Me. Teodora de Souza Guarani (FNEEI) e Profª. Drª. Maria Aparecida Mendes de Oliveira (FAIND/UFGD).  O evento ocorreu no dia 21 de março, na Unidade da UEMS, com a presença da reitoria da Universidade e autoridades locais e estaduais.

De acordo com o reitor da UEMS, Laércio de Carvalho, o curso de pedagogia intercultural da UEMS  de Amambai é uma iniciativa para garantir a inclusão e a formação de professores de aldeias e comunidades indígenas da região. “Desse modo, a UEMS, por meio da formação de professores indígenas que atuarão, depois de formados, formados em suas comunidades de origem, com toda certeza, irão transformar a realidade de crianças indígenas com uma educação de qualidade e com uma formação que garanta a manutenção das tradições destes povos. Nossa Universidade conta com grande parceria da Prefeitura de Amambai e  de Caarapó na efetivação e garantia de acesso destes professores ao curso", enfatiza.

O Secretário de Educação, Helio Daher, destaca em sua fala, durante o evento, o quanto o governador de MS, Eduardo Riedel, se importa em valorizar as comunidades indígenas.  “Nós já estamos com um projeto para alteração da lei, para que a composição da equipe que desenvolve as políticas públicas na Secretaria de Educação, por determinação nossa, vai ser composta por professores indígenas a partir de agora. Eles vão estar levando a Secretaria de Educação não só para pensar políticas indígenas, mas para pensar a política educacional do Mato Grosso do Sul, com o olhar da comunidade sempre foi muito importante, porque vocês fazem parte do povo do Mato Grosso do Sul. Eu acho que vocês, da comunidade indígena, têm que estar inseridos em qualquer questão que envolva educação de MS, não só da educação indígenas”, falou o Secretário.

 

Autoridades presentes no evento

 

A coordenadora do curso, Profª. Drª. Nedina Roseli Martins Stein, destaca que o curso responde a uma demanda vinda dos movimentos indígenas e das gestões locais “devido a necessidade de formação que respeite e promova as singularidades culturais, linguísticas, históricas dos povos indígenas, se organizando através da Pedagogia da Alternância que é uma metodologia de ensino e aprendizagem que promove e valoriza a relação entre os conhecimentos indígenas, vividos e experimentos na Tempo Aldeia com os conteúdos e debates em sala de aula no Tempo Universidade, desta maneira aproximando a universidade das aldeias e vice-versa”.

A estrutura curricular possui disciplinas voltadas para o letramento, numeramento e alfabetização bilíngue e outras voltadas para as teorias guarani-kaiowá sobre educação, desenvolvimento, cognição e aprendizagem. Com a criação deste curso, a UEMS reafirma seu compromisso com a inclusão, a permanência e a formação de estudantes indígenas ao longo de sua história.

A docente, Beatriz dos Santos Landa, integrou a Comissão de Elaboração do Projeto Pedagógico do curso, e explica que a comissão foi composta em sua maioria por indígenas. “A comissão de elaboração, composta em sua maioria por indígenas  pertencentes aos movimentos sociais e atuantes como professores e/ou gestores nas escolas indígenas e por docentes da UEMS elaboraram o PPC da Pedagogia Intercultural atendendo aos anseios externados por meios diversos em suas demandas , com vistas a formação de profissional que dialogue com os conhecimentos produzidos pelos povos Kaiowá e Guarani e pela ciência ocidental para a oferta da educação escolar indígena socialmente referenciada e que atenda aos projetos de futuro destes povos”, disse.

 

Reitor da UEMS, Laércio Alves de Carvalho, durante o evento

 

Flávio Moreira Franco, da Aldeia Guapoy, irá cursar sua primeira graduação no curso de Pedagogia Intercultural Indígena da UEMS. “Essa pedagogia intercultural que está sendo realizada agora é muito importante para nós, principalmente para nós das aldeias, das etnias, porque a gente acabou perdendo um pouquinho da nossa cultura, pois o pessoal fazia cursos formações que era mais dos não indígenas. E através do curso Pedagogia Intercultural que a gente possa trazer e renascer de novo umas novas culturas, essa nossa cultura possa crescer nas crianças, e as que ainda vão crescer, que eles possam levar adiante essas culturas que foram perdidas e que nós possamos por uma semente no coração das crianças através dessa pedagogia intercultural que estamos fazendo”. 

Katiucci Cáceres Nelson, da Aldeia Guapoy, já tem formação na área educacional e decidiu também fazer o curso para se especializar na área indígenas. “Nós estamos num processo ainda de deixar mais sustentável a nossa base, que é as crianças pequenas. No caso já tem formação de sexto ao ensino médio, professores formados especificamente. Eu sou uma delas, mas eu me apaixonei pela área  da pedagogia. No caso eu já decidi que ia fazer a pedagogia, porque existe muitas teorias, acerca da nossa ação, então eu esperei essa Pedagogia Intercultural sair para eu poder entrar, porque daí atenderia a minha área que seria na área indígena, então casar o tradicional saberes indígena com o contemporâneo”.

Tainara Castelão Ricardo é professora de educação especial indígena Formação  Ara Verá e é professora das séries iniciais do normal médio. Ela destaca que esse é um sonho antigo não só dela, mas também de seu pais. “Meus pais foram uns dos pioneiros da primeira turma do Ara Verá, sonharam juntamente com as lideranças para fazer o Tequarandu e agora um sonho está se concretizando na pedagogia intercultural. Tínhamos o  Ara Verá, mas ele tinha limitações, ajudava mas a demanda era muito grande. Então como temos professores formados em várias áreas, na minha comunidade a Pedagogia caiu como um presente, porque a prefeitura de Caarapó valoriza muito a questão das formações dos cursos que nós precisamos ter. Eu sou formada no Ara Verá que é da 5ª turma, eu tenho minha formação e minhas especializações da educação especial, mas também agora eu estou cursando a Pedagogia Intercultural, porque  é um sonho de todo mundo, é meu e vai me ajudar muito na questão pessoal, como professora, como indígena e moradora do local”, contou Tainara.

 

Comissão de Estudos