Apresentação e Histórico

O Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Sustentabilidade Ambiental (PGBSA) está inserido em região fronteiriça de elevada influência antrópica (reservatório hidrelétrico, desmatamento, agropecuária, comércio exterior e agroindústria) e, ainda assim, é considerada estratégica para a recuperação e conservação da biodiversidade da Mata Atlântica e do Cerrado por congregar importante área para a conservação e uso sustentável das áreas úmidas (sítio Ramsar). O corpo docente do PGBSA, historicamente, atua de forma incisiva no desenvolvimento científico e tecnológico por meio de projetos qualificados e inseridos nas demandas da sociedade de forma economicamente segura, socialmente adequada e ambientalmente sustentável.

A criação do PGBSA atende a agenda da ONU para mobilizar os setores da sociedade no fomento da restauração ambiental. A Ecorregião Fronteiriça da Mata Atlântica do Alto Paraná (Unidades de Conservação da Floresta Úmida do Alto Rio Paraná - WWF) que congrega o Parque Nacional de Ilha Grande (uns dos sítios Ramsar - zonas úmidas de importância internacional) e a zona de transição entre os biomas de Cerrado e Mata Atlântica no Mato Grosso do Sul (região Cone-sul do MS), serão as regiões foco de trabalhos. Essas regiões, são consideradas hotspots de biodiversidade, como também, estratégicas para ações de reabilitação ambiental, conferindo importante papel no cumprimento de metas globais (SILVA et al. 2021) para alcançar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), como também as metas propostas pela Década das Nações Unidas para a Restauração de Ecossistemas (PNUMA, 2021).

Vale destacar, a preocupante situação de degradação ambiental que essas regiões apresentam, e, isto requer estratégias urgentes e abordagens sustentáveis para restauração, conservação e manutenção da biodiversidade desses ambientes (SILVA et al. 2021). Ademais, a Unidade Universitária da UEMS em Mundo Novo (região Cone-sul do estado de Mato Grosso do Sul - MS), faz divisa com Guaíra e Altônia no estado do Paraná e com a cidade de Salto del Guairá, no Paraguai (UEMS, 2021). O Cone-sul é uma região caracterizada pela expressiva presença da agricultura familiar (produção agrícola considerada de subsistência), visto o seu histórico com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA Decreto – lei nº 1.110, de 9/7/70), pelas comunidades indígenas e por apresentar baixo Índice de desenvolvimento humano (IDH) (MATO GROSSO DO SUL, 2015). Portanto, a comunidade universitária da UEMS em Mundo Novo é formada por graduandos de baixa renda, indígenas, filhos de pequenos agricultores e de pequenos comerciantes da região. Nesse sentido, a inserção da UEMS no Cone-sul fomenta o desenvolvimento das potencialidades da região. A inserção de IES públicas impactam o desenvolvimento local e regional onde estão localizadas, pela formação de capital humano, por meio das pesquisas e pelos investimentos relacionados ao funcionamento destas instituições (CASARIL, 2019).

Dessa maneira, considerando que as questões socioambientais e culturais do Cone-sul (ecorregião, zonas de transição entre biomas, zonas úmidas, unidades de conservação, fronteiriça, assentamentos rurais e aldeias indígenas) são diversas, as ações do PGBSA na região é consistente com o Plano Plurianual (PPA) para o desenvolvimento das ações do Governo do Estado, pois contribui para as diretrizes (Ciência, Tecnologia e Inovação; Meio Ambiente e com a Cultura, Esporte e Lazer) relativas ao bem-estar social e cultural. Com destaque para as práticas de ESG (Environmental, Social, and Corporate Governance - Governança ambiental, social e corporativa), defendidas nos planos estratégicos das grandes empresas globais, se alinham com a meta definida pelo governo do Estado de Mato Grosso do Sul, em se tornar um estado Carbono Neutro até 2030. Nesse contexto, objetivando alcançar o status de primeiro Estado Carbono Neutro, o governo de Mato Grosso do Sul assinou a "Declaração de Interesses” cujo objetivo é dar suporte técnico e metodológico à estruturação e desenvolvimento do Projeto Estado Carbono Neutro. O PGBSA auxiliará na definição de indicadores concisos que auxiliem na gestão das metas do programa estadual “Carbono Neutro”, além de fornecer ao Estado de Mato Grosso do Sul métricas que comprovem a adesão e comprometimento com as campanhas Race to Zero e Under2 Coalition, no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (CQNUMC/UNFCCC), conforme previsto pelo Decreto n° 15.741, de 3 de agosto de 2021. Também contribuirá diretamente com a execução do Mapa Estratégico de Mato Grosso do Sul, o qual consiste em um Instrumento orientado pelo princípio da Gestão para Resultados. Ações essas, que subsidiam e atuam para atender os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU).

Esse cenário permitirá inúmeras oportunidades científicas e práticas, além disso, o PGBSA tem o apoio administrativo da UEMS, em especial com o Programa Institucional de Bolsas aos Alunos de Pós-Graduação (PIBAP/UEMS) e lançamentos de editais para fomento de pesquisa na UEMS (ex: Acelera UEMS/FUNDECT/UEMS no. 09/2022), conta com investimento externo de parcerias com empresas locais e produtores, com rádios e TV locais para divulgação do PGBSA, convênios e editais de apoio a pesquisa; temos a abordagem do PPA para o desenvolvimento das ações do Governo do MS, que contribuirá para as diretrizes (Ciência, Tecnologia e Inovação; Meio Ambiente e com a Cultura, Esporte e Lazer) relativas ao bem-estar social. Além disso, o PGBSA irá ampliar as informações de atividades de pesquisas/análises entre os membros internos do programa; estimular parcerias com pesquisadores da instituição e entre discentes da pós-graduação com os discentes de graduação; incluir pesquisas associadas ao desenvolvimento dos programas de incentivo ao pequeno produtor de entidades governamentais; preencher lacunas do conhecimento na região onde o Programa está inserido, com enfoque no desenvolvimento de tecnologias para o desenvolvimento socioambiental; intensificar ações (contratos, convênios, eventos) visando a transferência de tecnologias para as empresas e comunidades; parcerias com renomadas instituições de ensino e pesquisa nacionais e estrangeiras em pesquisas de impacto global, públicas e privadas; oportunizar o intercâmbio entre docentes e discentes dentro do território nacional e/ou internacional; expor trabalhos em eventos em parceria com agricultores para desenvolver e comprovar a adequabilidade tecnológica; aumentar a interação com egressos e empresas locais para parcerias; desenvolver o espírito empreendedor do corpo discente e captar recursos por meio de emendas parlamentares. O PGBSA buscará melhorar a interação com a SEMAGRO e IMASUL visando a inserção nos programas estratégicos em agroecossistemas (assentamentos e comunidades indígenas) para fomentar a agroecologia e a preservação da biodiversidade. No contexto ambiental, teremos a oportunidade de estudar a diversidade biológica e os processos de interação entre dois biomas brasileiros (que estão consideravelmente impactados), como também, a ecologia de áreas úmidas e de unidades de conservação de uma importante ecorregião. Essa situação nos permitirá avaliar e diagnosticar os impactos atuais e propor ações para preservar e conservar a biodiversidade regional, além de oportunizar estudos para melhorar o IDH da região e do Estado.

A força do PGBSA está no desenvolvimento da Unidade Universitária de Mundo Novo nos últimos anos, como os investimentos em construção laboratorial (FINEP, FUNDECT e ITAIPU Binacional), espaço de convivência e ampliação da biblioteca, além de aquisição de equipamentos de pesquisa. Tais melhorias trouxeram e trarão impactos positivos na pesquisa para a área de Ciências Ambientais, principalmente no monitoramento e mitigação das área degradadas que servirão como modelos de estudo em programas da área. à disponibilidade do parque analítico de Ciências Agrárias (Convênio com a ITAIPU Binacional) é um diferencial nos mais variados usos dentro da pesquisa e extensão, além de prestação de serviços à comunidade. O PGBSA promoverá a prospecção de estudo sobre a biodiversidade na Ecorregião do alto Paraná, região pouco avaliada em relação a sustentabilidade e o conhecimento sobre a sua biodiversidade ainda é incipiente. Destaca-se, os recursos humanos gerados e o impacto na socioeconômico na região, além do corpo docente do PGBSA, considerado jovem e com experiência em orientação de trabalhos de conclusão de curso e iniciação científica, dos docentes 50% têm experiência em orientações em pós-graduação; somado a isso o PGBSA tem o privilégio da parceria entre duas unidades da UEMS no uso de suas infraestruturas. 

As ameaças poderão vir da dependência política de recursos das agências de fomento com consequente aumento da competitividade entre as instituições de ensino e pesquisa e da falta de recursos para publicação e tradução de artigos. Também são ameaças: pouca participação e interesse da iniciativa privada no financiamento de pesquisas; redução das oportunidades de trabalho dos egressos no ensino superior e no mercado privado; falta de investimentos em tecnologias inovadoras; aumento da desinformação e descrença nas instituições públicas de ensino; restrições e custos impostos pelos periódicos; poucos recursos e oportunidades para a internacionalização; competitividade com outros cursos de pós- graduação na região e estado; perda de capital intelectual para o exterior; comunidade acadêmica descontente e com problemas de saúde mental. Ainda mais inquietante é a evasão dos discentes, as deficiências dos alunos na formação básica; existência de estudantes desmotivados e sem perfil para pós-graduação; deficiência em infraestrutura para desenvolvimento de pesquisas de alto impacto científico; falta de mão-de-obra de apoio nos trabalhos de campo; baixo número de bolsas e estudo; deficiência no número de corpo técnico especializado nos laboratórios dos docentes do programa com dedicação exclusiva; pouco estímulo/interesse dos discentes ao aprendizado da língua inglesa, bem como na experiência internacional do corpo docente, e a burocracia na realização de convênios com setor privado e público.