Robson Henrique

Robson Henrique dos Santos Hahn sempre foi daqueles meninos curiosos, desde criança já tinha uma predisposição para a ciência, especialmente física. Ele gostava de ler reportagens sobre astronomia e física em revistas como Superinteressante, Galileu, entre outras.

Aos 14 anos ele ficou sabendo do curso de física durante uma aula de inglês e naquele momento decidiu que seria a sua primeira opção de carreira, mesmo sem saber muito bem o que realmente era este curso.

“Comecei a pesquisar sobre a matéria e durante o ensino médio me preparei para entrar na UEMS. Aos 16 anos fiz o vestibular para treinar e no ano seguinte foi para "valer". Lembro do exato momento em que eu descobri que tinha passado. Ao olhar a lista de aprovados, comecei do final pro começo, pois inicialmente pensei que seria por ordem alfabética ou que estaria entre os últimos selecionados na primeira chamada. Após percorrer a lista toda, pensei que não tinha sido aprovado, quando por minha surpresa, meu nome aparecia na lista em primeiro lugar”, recorda.

Daquele momento para 2023 se passaram 20 anos, hoje Robson Hahn tem 37 anos e muitas coisas aconteceram em sua vida, ele trabalha no Centro Espacial Alemão.

Na UEMS, ele começou a construir os primeiros foguetes, um que marcou foi o foguete “Irapuã”, construído durante a graduação em física na UEMS, ele foi lançado durante a semana Nacional de Ciência e Tecnologia, em Dourados, no Parque do Lago.

Robson Henrique

“Nós montamos uma plataforma para lançar o Foguete tudo certinho e foi durante o eclipse total da Lua, durante a totalidade nós fizemos o lançamento. Então para o pessoal da Física da UEMS esse foi um evento muito marcante, pois eu vi muita gente falando depois que resolveu fazer física, porque se interessou em ver essas atividades”.

Quando concluiu o curso na UEMS, em 2007, seguiu para o mestrado em astrofísica no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Durante a sua primeira passagem em São José dos Campos para o processo de seleção ao mestrado do INPE, conheceu o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e por coincidência, alguns colegas mencionaram o curso de propulsão espacial. Entretanto, foi informado que não poderia se candidatar ao curso por não ser engenheiro.

“No mês seguinte, recebi a informação de que tinha sido selecionado para o mestrado em Astrofísica no INPE e me preparei para seguir nessa nova jornada. Duas semanas antes de me mudar para São José dos Campos, recebi um telefonema do então Capitão Carvalho da força aérea brasileira me questionando sobre meu interesse no mestrado em propulsão espacial. Vale mencionar que desde aos 14 anos de idade, um dos meu hobbies era espaçomodelismo e havia estudado a fundo o tema, apesar de nunca ter sequer imaginado trabalhar na área. Sempre achando impossível tal carreira, inicialmente nunca havia cogitado tal possibilidade. Entretanto, o então Capitão Carvalho, durante nossa conversa mencionou estar à par desta minha atividade como hobby e estaria disposto a fazer uma exceção para eu poder participar do mestrado em propulsão espacial”, lembrou.

Durante a sua primeira semana no INPE, teve uma conversa com o coordenador do curso sobre as possibilidades do mestrado e esclareceu sobre as alternativas e planos futuros. “Foi devido a uma conversa com o meu orientador de graduação da UEMS, Prof. Antônio César, que finalmente tomei coragem de seguir o sonho e enfrentar os desafios de cursar Propulsão Espacial no ITA e MAI - o curso seria ministrado pelos professores do Instituto de Aviação de Moscou no ITA e no MAI, com aulas de laboratório em Moscou”.

Robson Henrique

Robson Hahn e o prof. da UEMS Edmilson Souza, juntamente com Bombeiros, em Dourados, após o lançamento do foguete “Irapuã” - Foto Arquivo Pessoal

Robson Henrique

Ele foi para a Rússia, na Universidade de Aviação de Moscou, de 2008 a 2010, fez o mestrado em Engenharia e Propulsão Espacial, financiado pelo Instituto de Aeronáutica no Espaço na Universidade da Marinha. “A Universidade de Moscou é uma universidade que foi o berço do programa espacial soviético também aqui nós pudemos ter acesso e estudar, por exemplo, o módulo lunar soviético na universidade mesmo”.

Ao retornar ao Brasil, começou a trabalhar no projeto do motor foguete L75 no Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE). Durante a sua estadia no IAE, participou ativamente na cooperação entre a Agência Espacial Brasileira e Agência Espacial Alemã (DLR) como especialista em propulsão, além de ser o gerente do sistema de combustão no projeto do motor foguete L75.

Com mestrado concluído e enfrentando os desafios diários de uma área tão complexa e desafiadora, decidiu que era hora de começar um Doutorado na área.

Em 2015, foi convidado a participar de uma conferência em Natal, Rio Grande do Norte e durante uma conversa sobre possibilidades de doutorado na Alemanha com o Prof. Stefan Schlechtriem, diretor do DLR e professor na Universidade de Stuttgart, foi convidado a fazer doutorado com Schlechtriem.

“O Doutorado na Agência Espacial Brasileira e Agência Espacial Alemã (DLR) permitiu trabalhar na área em vários projetos, juntamente, com o prosseguimento do Doutorado. Dois anos e meio após o início dos meus trabalhos, fui então convidado a fazer parte do corpo efetivo do DLR, onde estou até o presente momento. Hoje, trabalho, principalmente, no desenvolvimento de motores foguetes, novas tecnologias espaciais e na coordenação de projetos do próprio instituto, quanto em cooperação com diversas agências espaciais no mundo todo. E devo isso graças ao apoio que tive durante minha breve passagem pelo curso de Física na UEMS”, finaliza.

Confira uma palestra aos acadêmicos da UEMS em que ele conta um pouco de sua trajetória: https://www.youtube.com/watch?v=yv_wRsHOvzw

Robson Henrique
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