Ciências Sociais

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INTRODUÇÃO 

A Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – UEMS, com sede na cidade de Dourados foi criada pela Constituição Estadual de 1979 e ratificada pela Constituição Estadual de 1989, conforme o disposto em seu artigo 48 - Das Disposições Transitórias. É uma Fundação com autonomia didático-científica, administrativa, financeira, disciplinar e patrimonial, de acordo com a Lei Estadual n. 2.583, de 23 de dezembro de 2002, alterada pela Lei n. 3.485, de 21 de dezembro de 2007 e com o Decreto Estadual nº 10.511, de 8 de outubro de 2001. Rege-se por seu Estatuto oficializado por meio do Decreto Estadual nº 9.337, de 14 de janeiro de 1999. Embora criada em 1979, a implantação da UEMS somente ocorreu após a publicação da Lei Estadual nº 1.461, de 20 de dezembro de1993, e do Parecer Conselho Estadual de Educação de Mato Grosso do Sul CEE/MS nº 08, de 09 de fevereiro de 1994. Mais tarde, por meio do Parecer CEE/MS nº 215 e da Deliberação CEE/MS nº 4.787, ambos de 20 de agosto de 1997, foi-lhe concedido credenciamento por cinco anos, prorrogado até 2003, pela Deliberação CEE/MS nº 6.602, de 20 de junho de 2002. 

Por meio da Deliberação CEE/MS nº 7.447, de 29 de janeiro de 2004, o CEE/MS deliberou pelo recredenciamento da UEMS até dezembro de 16 de dezembro de 2008. Deliberação CEE/MS. 8955, de 16 de dezembro de 2008 – Prorroga o ato de Recredenciamento da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, pelo prazo de três anos, a partir de 01/01/2009 a 31/12/2011. Em 1993, foi instituída uma Comissão para Implantação da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, com o intuito de elaborar uma proposta de universidade que tivesse compromisso com as necessidades regionais, particularmente com os altos índices de professores em exercício sem a devida habilitação, e, ainda, com o desenvolvimento técnico, científico e social do Estado. Com essa finalidade, a UEMS foi implantada, na sede em Dourados e em 14 municípios como Unidades de Ensino, hoje Unidades Universitárias, uma vez que, além do ensino, passaram a desenvolver atividades relacionadas à pesquisa e à extensão, essenciais para a consolidação do “fazer universitário”. Essas Unidades foram distribuídas nos seguintes Municípios: Aquidauana, Amambai, Cassilândia, Coxim, Glória de Dourados, Ivinhema, Jardim, Maracaju, Mundo Novo, Naviraí, Nova Andradina, Paranaíba, Ponta Porã e Três Lagoas. 

A Resolução CEPE-UEMS nº 040, de 24 de maio de 1996, estabeleceu a extinção da Unidade de Ensino de Três Lagoas a partir de agosto daquele ano, uma vez que o único curso ofertado – Direito – passou a ter demanda atendida pela Universidade Federal de mato Grosso do Sul (UFMS) e ambas funcionavam no mesmo local. Em 2001, por meio da Resolução COUNI-UEMS nº 184, de 10 de outubro de 2001, foi criada a Unidade Universitária de Campo Grande, alterada pela Resolução conjunta CEPE/COUNI-UEMS Nº 26 de 8 de julho de 2009 A Unidade Universitária de Amambai, localizada na região sul do Estado de Mato Grosso do Sul, atende não só estudantes do município, mas também dos municípios de Ponta Porã, Coronel Sapucaia, Aral Moreira, Sete Quedas, Paranhos e Tacuru. Foi instalada no ano de 1994 e ofertou, nos anos de 1994 a 1999, os cursos de Letras, Ciências com Habilitação em Matemática e Matemática, além do Normal Superior e Normal Superior Indígena. Formou 323 professores nessas áreas, cujos profissionais vêm atuando na rede de educação básica em vários municípios do Estado. 

A Unidade Universitária ofereceu também uma turma do Curso de Especialização de Fundamentos da Educação no período de 2007-2008. No ano de 2007 foram levantadas, junto à comunidade local e regional, as áreas mais deficitárias na educação básica e que pudessem ser contempladas com a implantação de um novo curso de Educação Superior. Dentre as principais necessidades levantadas, detectou-se que a área de Ciências Sociais (Filosofia, Sociologia, Antropologia e Política) é uma das que mais necessita de profissionais habilitados. O Curso de Ciências Sociais - licenciatura, da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul foi criado por meio da Resolução CEPE-UEMS Nº 634 de 13 de julho de 2006 e implantado no ano de 2008. Funciona no período noturno com oferta de 40 vagas anuais. Na perspectiva de contribuir para o avanço social, para a socialização e democratização do saber, principalmente, de saberes que envolvem conhecimentos e habilidades voltados para a área educacional, social, antropológica e política do Estado e do país, o curso de Ciências Sociais - Licenciatura - oferecido na UEMS, Unidade Amambai, foi concebido com uma matriz curricular que concentra conhecimentos específicos da área e áreas afins. Após pesquisas e embasamentos em diversos Projetos Pedagógicos da área de Ciências Humanas da UEMS, tais como História, Direito, Pedagogia e Letras e diversos outros da área específica de Ciências Sociais de nosso país, decidiu-se por um Projeto Pedagógico que nos direcionasse para a formação de um profissional politicamente competente e agente do processo científico, cultural e técnico, com o propósito de contribuir para a mudança social necessária e para uma sociedade mais crítica, justa e inclusiva no exercício dos direitos humanos.

 O Curso de Ciências Sociais - licenciatura contempla, neste projeto pedagógico, conteúdos que objetivam desenvolver a consciência crítico-reflexiva do futuro profissional para agir em uma sociedade diversa, dinâmica e em constante processo de mudança, tendo na docência e na pesquisa um dos instrumentos para investigar, analisar e atuar sobre a realidade do mundo em que vive. 

 A reformulação do Projeto Pedagógico do Curso de Licenciatura em Ciências Sociais em 2017

 A reformulação do projeto pedagógico em 2017 visa atender às novas diretrizes nacionais e ao desejo, por parte da comunidade acadêmica local, de enfatizar determinadas temáticas e adequar bibliografias, buscando as produções mais recentes da teoria social e da educação. O objetivo é, passados dez anos da formulação do projeto pedagógico implantado em 2008, adequá-lo enquanto instrumento que visa a formação do professor cientista social, perante a realidade em constante transformação. Nesse sentido, as disciplinas passam a ser semestralizadas, ainda que as matrículas aconteçam anualmente. 

Considerando que o curso de Ciências Sociais – licenciatura é noturno, a organização curricular e a oferta de disciplinas fica limitada a um conjunto necessário à formação do licenciado em Ciências Sociais. Para além desse conjunto de disciplinas, considerando os conteúdos programáticos que proporcionam impactos favoráveis na formação acadêmica, serão oferecidas disciplinas optativas. Essas poderão ser oferecidas no período vespertino, ou aos sábados - matutino, com a devida avaliação da necessidade de formação complementar na área da disciplina proposta, demanda discente e disponibilidade docente para ministrá-las.

 CONCEPÇÃO DO CURSO

 A formação do profissional de Ciências Sociais, formado em um curso de Licenciatura, é de caráter humanístico e inclui conhecimentos histórico-sociológicos e culturais de natureza teórico científica. Seu objeto de estudo é a sociedade, a educação e a cultura: de forma ampla, as relações sociais em que o ser humano está inserido. Com atuação crítica e participativa, o professor cientista social revela-se como agente na busca de direitos sociais, no horizonte da educação. Nessa perspectiva, se pressupõe que o corpo docente do Curso de Ciências Sociais – licenciatura, da UEMS deva ser formado por profissionais compromissados não apenas com as questões acadêmicas como a articulação entre ensino, pesquisa e extensão, mas também e acima de tudo com a construção de uma sociedade justa, soberana e democrática.

 O Projeto Pedagógico do curso de Ciências Sociais - Licenciatura, oferecido pela Unidade de Amambai, busca definir diretrizes para o fortalecimento dos eixos que formam a identidade do curso (Antropologia, Ciência Política e Sociologia), assim como fornecer instrumentos para estabelecer relações entre a docência, a pesquisa e a práxis, propiciando aos estudantes uma formação teóricometodológica consistente em torno desses eixos. Busca definir uma estrutura curricular que estimule a autonomia intelectual e a capacidade analítica dos estudantes, a partir de uma formação que considere a relação entre pesquisa, ensino e extensão enquanto princípios indissociáveis. Neste sentido, trata-se de uma proposta também política. Como o ato de educar é consciente e planejado, este projeto tem o compromisso de nortear linhas que direcionarão os trabalhos docentes e discentes priorizando a formação, no que diz respeito ao ensino, à pesquisa e à extensão, no sentido de formar profissionais críticos, reflexivos, comprometidos e habilitados a lidar com a diversidade cultural, social e étnica existentes. 

A formação de Licenciados em Ciências Sociais exige previamente um compromisso dos proponentes institucionais com a realidade social brasileira, bem como um desafio assumido com realidade local e regional. No contexto regional há carência de profissionais habilitados nas áreas de Ciências Sociais, e é na Universidade que se formam os profissionais para trabalhar nas escolas de ensino fundamental e médio e organizações da sociedade civil. Há que se considerar ainda, que os conhecimentos advindos das áreas das Ciências Sociais contribuem para a compreensão do cenário das transformações que acontecem de forma exacerbada no contexto fronteiriço no qual se situa. O desenvolvimento econômico provoca novas dinâmicas sociais, que requerem capacidade de reflexão e ação perante essas novas relações, exigindo compreensão do ponto de vista sociológico, econômico, político, antropológico, metodológico e educacional. Uma sociedade em processo de intensa transformação exige do licenciado em Ciências Sociais, a compreensão dos aspectos didático-pedagógicos e que esteja preparado para atuar de maneira compromissada na educação, a partir de sólidos referenciais epistemológicos (MARTINS, 2014). Para isso, necessário se faz uma proposta curricular que busca articular o pensamento social em seus vários momentos, correntes, autores e áreas de conhecimento, com a área de educação/formação de professores, com objetivo de formar profissionais reflexivos, conhecedores das diversas linhas teórico-ideológicas que circulam na sociedade, prontos para a busca contínua de novos conhecimentos, acompanhando as transformações sócio-culturais e que possam atuar dentro dos princípios éticos, profissionais e científicos com competência e compromisso social. Nesse sentido, cabe não só à Universidade, mas também a outras instituições, discutir e apresentar propostas de mudanças que contribuam para a ampliação dos conhecimentos sócioculturais dos grupos aos quais atende. 

Neste contexto, abrimos parênteses para destacar a importância da pesquisa e da extensão como áreas através das quais se atinge o objetivo de produzir conhecimento em conjunto, a partir dos processos sócio-históricos contemporâneos e proceder à sua análise crítica, possibilitando a elaboração de subsídios aos diversos setores sociais, vislumbrando, assim, as necessidades e demandas locais, regionais e nacionais. O projeto pedagógico consiste em uma diretriz para a oferta do curso; enquanto processo dinâmico deve refletir as demandas locais, com suas variações. Neste sentido, os docentes e discentes que fazem parte do curso se integram ao processo educativo, estabelecendo a relação entre teoria e prática. Para além desses aspectos, é importante destacar a relação com a comunidade e a observação constante dos aspectos supralocais, que permitam, de fato, promover uma formação a partir da qual os egressos do curso estejam prontos a atuarem no nível local e supralocal. 

A Universidade deve oportunizar a formação não só da comunidade interna, como também da externa, propiciando a democratização do saber de forma contínua e sistemática, no intuito de alcançar uma sociedade mais justa, com oportunidade, igualdade social e acesso aos bens culturais a todos. Nesse cenário, o Curso de Ciências Sociais, a partir da inserção de seus docentes e egressos em Programas de Pós-Graduação da UEMS e outras Instituições de Ensino Superior, tem desencadeado um efeito de atuação e produção em rede, contribuindo, a partir dos espaços nos quais esses profissionais estão inseridos, para o desenvolvimento humano e social do estado de Mato Grosso do Sul (CAVALCANTE, DEFFACCI, SILVA, 2016). O cenário multiétnico característico da formação social sul mato-grossense requer ações de ensino, pesquisa e extensão que visem contemplar os múltiplos grupos que o constituem. A ocupação recente desses territórios requer estudos para a devida dimensão do processo histórico em curso, para a formação de uma sociedade justa e igualitária. Nesse contexto, é importante destacar a demanda por formação de jovens, entre eles os indígenas, com presença significativa na Unidade Universitária de Amambai de forma geral e no curso de Ciências Sociais de forma específica. Essa presença decorre do fato de que, percentualmente, Amambai é o município de Mato Grosso do Sul com maior contingente indígena, contando com cerca de 30 por cento da população representada por integrantes do povo Kaiowá e Guarani. O que se refere aos estudantes indígenas, o Curso deve se valer de estratégias pedagógicas e investigativas, atuando em conjunto com as políticas de acesso e permanência desse público na universidade, através da oferta de projetos e programas que valorizem a presença e a cultura indígena, de maneira a formar professores indígenas que estejam aptos a promoverem o diálogo em suas comunidades e demais grupos sociais, fortalecendo seus conhecimentos, valores e cosmovisão (CNE, 2015). 

Está intrínseca à concepção do curso a percepção de que as diversas áreas de conhecimento das Ciências Sociais contribuem para a compreensão dos processos e relações de poder que constituem a sociedade. Nesse horizonte, na Unidade Universitária de Amambai, a presença dos cursos de História e de Ciências Sociais permite a diversificação, ampliação e potencialização da formação docente a partir do diálogo interdisciplinar. As diferenças étnicas, de gênero, assim como as questões históricas, ambientais e econômicas são o cenário a partir do qual partem as premissas para a formação do profissional docente em Ciências Sociais e para o qual convergem as preocupações, reflexões e ações para as quais esse profissional estará habilitado. Para tanto, é necessária uma sólida formação pedagógica, que favoreça ao docente cientista social refletir e atuar na sociedade a partir do lugar de professor e da escola. Nesse sentido, as disciplinas do núcleo de formação pedagógica serão ofertadas conjuntamente, entre os Cursos de Ciências Sociais e História.

  Dos objetivos do Curso O Curso de Ciências Sociais - licenciatura, da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

 O curso retende formar profissionais com habilitação técnica e autonomia intelectual, na condição de Licenciados em Ciências Sociais. A partir dessa diretriz, são objetivos específicos: 1. desenvolver atividades de docência; 2. desenvolver atividades de pesquisa em educação e nas áreas das ciências sociais, considerando que todo professor deve ser um pesquisador; 3. formular, acompanhar e desenvolver políticas e projetos pedagógicos na área; 4. atuar na área de formação junto ao setor público e privado; 5. prestar assessoria especializada a órgãos governamentais e não-governamentais, bem como a setores da sociedade civil (sindicatos, partidos políticos, associações, organizações com fins educacionais); 6. desenvolver projetos sociais, através de ações de extensão. 

O profissional formado pelo Curso além da capacidade de entendimento da realidade sócioantropológica e política, deve contribuir para a experimentação e a interdisciplinaridade, o que é fundamental para a adaptação a diferentes situações e possibilidades profissionais, bem como para a criatividade no equacionamento de situações complexas e diversificadas. Ou seja, trata-se de formar um profissional capaz de um olhar prospectivo, com possibilidade de ser e agir na sociedade. O licenciado em Ciências Sociais é o profissional habilitado a desenvolver atividades de docência (Ensino Médio), bem como formular, acompanhar e desenvolver políticas e projetos pedagógicos na área, devendo, portanto, possuir sólida formação nos conteúdos relacionados aos eixos de formação e também nas matérias didático-pedagógicas, além de desenvolver atividades de pesquisas. 

É importante ressaltar que o licenciado poderá também atuar como técnico especializado da área educacional junto ao setor privado ou prestar assessoria especializada a órgãos governamentais e não-governamentais, bem como setores da sociedade civil (sindicatos, partidos políticos, associações, projetos sociais). Seguindo o art. 8 das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial em Nível Superior (CNE, 2015, p. 8), egressos e egressas do Curso de Ciências Sociais – Licenciatura, deverão: compreender as dinâmicas sociais da relação ensino/aprendizagem, estando aptos e aptas a atuarem em diversos contextos; demonstrar domínio de tecnologias da informação e comunicação para facilitação da aprendizagem e análise social; compreender o seu papel na formação dos estudantes da educação básica a partir de concepção ampla e contextualizada de ensino e processos de aprendizagem e desenvolvimento destes, incluindo aqueles que não tiveram oportunidade de escolarização na idade própria; valer-se de postura investigativa para identificar problemáticas socioculturais, ambientais, educacionais e ter atitude propositiva para a superação dos diversos tipos de exclusão que atingem grupos e minorias políticas, no que se refere às questões étnico-raciais, econômicas, culturais, religiosas, de gênero, sexuais, ambientais e outras; atuar em diversos níveis das instituições educacionais e outras instituições sociais, planejando, executando, acompanhando e avaliando políticas, projetos e programas, tanto aqueles do âmbito das áreas das Ciências Sociais quanto os educacionais; atuar junto a grupos sociais e comunidades, entendendo a instituição educativa como locus de promoção de vínculos sociais. 

Os egressos indígenas deverão estar aptos a atuarem junto ao seu povo e outros grupos sociais, fortalecendo o conhecimento, modo de vida e cosmovisão próprios, valendo-se dos conhecimentos oriundos do curso de Ciências Sociais – Licenciatura na produção da interculturalidade e valorização da diferença cultural (CNE, 2015). Os cursos nas áreas das ciências humanas têm como desafio encontrar novos fazeres pedagógicos que busquem superar os limites dados na fragmentação das ciências, através de uma prática interdisciplinar, supondo, necessariamente um novo conceito para a interdisciplinaridade. Este deve contemplar a diferença, supor a alteridade presente no pluralismo e a flexibilidade no tratamento das ambiguidades presentes na relação intercultural. Ou seja, aquém de questionar o óbvio da etimologia da palavra “interdisciplinar” – que já supõe a divisão da ciência em saberes específicos – o novo conceito deve extrapolar a monofonia da Ciência, e abrir para a polifonia dos diferentes saberes, através da relação entre as culturas e seus saberes, que, por serem diferentes, são também específicos, sendo que o diálogo e a relação entre (inter) suas especificidades é o que podemos chamar de interdisciplinar, enquanto método de construção de novos conhecimentos e de novas formas de relacionamento. O sufixo “inter” supõe a ideia de “movimento”, isto é, para construir algo novo é preciso abrir-se para a mudança, abrir-se para a inter-ação (Silvestre et al, 2009). 

No curso, a interdisciplinaridade se concretiza a partir do diálogo entre os saberes das diversas áreas, que convergem para estudos dos aspectos sociais, políticos e culturais. É concretizada a partir do diálogo constante entre os professores e estudantes, envolvendo o Curso de História, culminando em planos de ensino, atividades práticas e complementares, que refletem a preocupação com a interlocução entre saberes. Acontece, através da formulação de conteúdos curriculares, que dialoguem entre si, expressos nos eixos ensino, pesquisa e extensão. É importante enfatizar que a interdisciplinaridade supõe um eixo integrador, o objeto de conhecimento, um projeto de investigação, um plano de intervenção, sempre partindo da necessidade da comunidade acadêmica de explicar, compreender, intervir, partindo de novos olhares. É importante ressaltar que a interdisciplinaridade deve se ocupar, também, dos conhecimentos tradicionais que chegam à universidade através das políticas de expansão de suas fronteiras, agregando a ela setores populacionais até então excluídos, como os povos indígenas, levando ao caminho da interdisciplinaridade. 

 Da avaliação 

A Avaliação consiste no processo de reflexão e análise, a partir de critérios e instrumentos estabelecidos previamente, a respeito de componentes essenciais do Curso, como o projeto pedagógico, a relação ensino aprendizagem e a avaliação do curso. Visando ao bom andamento do Curso e à eficiência do seu Projeto, ao final de cada ano letivo, estudantes, professores e técnicos, por meio de um instrumento específico proposto Pela Comissão de Avaliação, avaliarão o Projeto Pedagógico. 

O referido instrumento avaliativo abrangerá questões sobre atuação docente, discente, coordenação de curso e da secretaria acadêmica, abrangendo a implementação do Projeto Pedagógico, o desenvolvimento teórico e prático de cada disciplina ministrada, as condições de trabalho e de infraestrutura para o funcionamento do curso (condições gerais, recursos audiovisuais, laboratórios), serviços de apoio e acervo de livros e periódicos específicos disponíveis na biblioteca e o envolvimento efetivo dos estudantes com o curso. 

O conjunto de informações obtidas após trabalho de análise e interpretação do instrumento avaliativo permite compor uma visão diagnóstica dos processos pedagógicos, científicos e sociais, identificando possíveis causas de problemas, bem como potencialidades e possibilidades, permitindo a re-análise das prioridades estabelecidas no Projeto Pedagógico do Curso e o engajamento da comunidade acadêmica na elaboração de novas alternativas e práticas. A reflexão nos últimos tempos, como destaca Luckesi (1998), tem provocado inúmeras críticas ao modelo de concepção autoritária de avaliação nos âmbitos escolares. Para além de uma avaliação autoritária, o autor a concebe como um instrumento tradutor da pedagogia para novos caminhos e, ainda, que deve ser um instrumento dialético de avanços. É necessário o resgate da avaliação diagnóstica sem perder o rigor científico e técnico, de modo que garanta o mínimo necessário de aprendizagem. Vale lembrar que o professor e o estudante são elementos essenciais na construção democrática e participativa no processo avaliativo do ensino.

 Cabe ressaltar a importância de realização de reuniões pedagógicas que fortaleçam a compreensão sobre a prática de ensino e forneçam elementos para a avaliação continuada. Essas reuniões deverão ocorrer no inicio de cada semestre letivo. Os procedimentos de avaliação do processo ensino/aprendizagem serão realizados por disciplina, durante o ano letivo. Avaliar é um meio para o aperfeiçoamento do ensino e da aprendizagem, e não um fim em si mesmo. Pressupõe um processo, dado por meio dos seguintes instrumentos: provas escritas e orais, atividades práticas, atividades de estágios, seminários, debates, pesquisas, produção de artigos, projetos, além de outros previstos em planos de ensino das disciplinas, sempre respeitando as normas vigentes da instituição. A avaliação aqui proposta é formativa, está alicerçada em conformidade com a atual LDB, em seu artigo 24, inciso V, alínea a, ou seja, será desenvolvida de forma contínua e cumulativa, com ênfase nos aspectos qualitativos (Brasil, 1996). Visa, assim, um processo reflexivo que possibilite a excelência do curso. 

O processo de avaliação deve propiciar maior eficácia e avanço no processo formativo, atentando sempre para aspectos pedagógicos, normas e critérios brasileiros para a oferta do Curso de Ciências Sociais - licenciatura. Deve, ainda, favorecer o autoconhecimento institucional, as relações interpessoais entre professores, estudantes, servidores administrativos e coordenação, buscando avaliações positivas por parte do Conselho Estadual de Educação quando da avaliação de Curso.

 A prática como componente curricular integrada às diferentes disciplinas

 A prática é um componente curricular a ser vivenciado pelo estudante ao longo do curso. Ela parte do princípio que o fazer implica em reflexão e toda reflexão implica um fazer. Dessa forma, evita-se reduzir a prática apenas ao estágio, como algo fechado e isolado do processo de formação. Nesse sentido, a prática deve acontecer no interior das principais disciplinas configuradas no currículo pleno do Curso, e transcender a sala de aula, colocando experiência, prática de ensino e teorias em interlocução. Tem como finalidade promover a articulação entre conhecimento e prática, relacionando aspectos pedagógicos, prática de ensino, e a relação com a rede de ensino básico e de outras instituições. 

Essa prática se dá de forma contextualizada e pode envolver as tecnologias de informação, narrativas orais e escritas de professores e estudantes, simulação de estudos de casos, aulas piloto, aulas de campo, oficinas no âmbito interno da universidade e externo, observações, etnografias, análises socioantropológicas, políticas e educacionais. A prática como componente curricular deve ser planejada e especificada no plano de ensino, considerando o escopa de conhecimentos teóricos e práticos de cada área, assim como as demandas locais, regionais e nacionais. Deve ser fruto do diálogo entre docentes, componentes curriculares e sociedade, favorecendo atividades que coloquem os conhecimentos em ação, especialmente considerando a formação do futuro professor de Sociologia. No âmbito de cada disciplina, essas atividades são supervisionadas, registradas e avaliadas pelo professor, podendo, também, serem vinculadas a projetos de extensão, dos quais o docente seja coordenador ou colaborador. 

 RELAÇÃO ENTRE ENSINO, PESQUISA, EXTENSÃO E PÓS-GRADUAÇÃO

 O Curso tem como um de seus objetivos o compromisso de formar profissionais reflexivos que saibam lidar com a diversidade social, que compreendam a realidade regional, que produzam meios para a pesquisa, análise e intervenção social, a partir da docência. Nesse sentido, os docentes participam de programas de pós-graduação oferecidos na UEMS (Mestrado em Desenvolvimento Regional e de Sistemas Produtivos, Metrado Profissional em Ensino de História e Educação) e desenvolvem atividades envolvendo os estudantes da graduação e de pósgraduação. Essas atividades envolvem, também, docentes e estudantes de outras instituições, especialmente a Universidade Federal da Grande Dourados/UFGD. Pretende-se que os formandos de Ciências Sociais deixem a graduação estimulados a darem continuidade a seus estudos, por meio cursos de pós-graduação lato sensu ou scricto sensu, visando a ampliar sua capacidade docente e de desenvolver, colaborar e coordenar pesquisas e projetos. 

No transcorrer do curso, são propiciadas condições para que os estudantes possam não só articular as teorias com o ensino, a pesquisa e a extensão, mas também, por meio da Iniciação Científica e Trabalhos de Conclusão de curso, será oportunizado ao estudante o desenvolvimento de suas próprias pesquisas sob orientação de um docente. Para se alcançar as competências e habilidades propostas para o Curso de Ciências Sociais – licenciatura, necessário se faz estimular a pesquisa na graduação não só por meio dos trabalhos monográficos de final de curso, mas também via Iniciação Científica, visando a despertar a vocação científica e incentivar talentos potenciais entre estudantes de graduação, mediante a participação em projetos de pesquisa, levando-os ao domínio de metodologias científicas; desenvolver e coordenar pesquisas e projetos relativos a temáticas sociais, culturais e socioambientais; contribuir, a partir da formação inicial, para o encaminhamento do graduando aos cursos de pós-graduação e formação posterior de mestres e doutores; contribuir para minimizar as disparidades regionais na produção científica do país. 

A pesquisa, a extensão e o ensino devem articular-se nesse processo, pois é necessário que esse profissional esteja capacitado para a reflexão crítica sobre temas e questões relativas aos conhecimentos sócio-histórico-culturais, bem como estar articulado com as organizações e instituições sociais na busca das soluções para as demandas existentes. É de suma importância que o Curso tenha como meta a compreensão da pesquisa como processo educativo, enquanto fio condutor e elemento aglutinador dos demais componentes curriculares, constituindo-se em elaboração pessoal, articulando teoria e prática e tendo a interdisciplinaridade como elemento necessário para vincular os conhecimentos das diversas áreas. 

O Curso de Ciências Sociais - licenciatura, busca incentivar os estudantes, desde as primeiras séries, a manter contato com o ensino, a extensão e a pesquisa. Esses estudantes são estimulados, também, a participar de grupos de pesquisa e de eventos No que se refere à participação em grupo de pesquisa, menciona-se o Grupo cadastrado no CNPQ, denominado “Pensamento social e processos históricos”, que envolve docentes e discentes dos cursos de Ciências Sociais e História. A partir da vinculação dos docentes nos Programas de Pós-Graduação lato sensu e stricto sensu, como o PROFHISTÓRIA, ofertado na Unidade de Amambai e o Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e de Sistemas Produtivos, discentes e docentes têm a oportunidade de estabelecer intercâmbio e se prepararem para o mestrado, assim como participarem de projetos de pesquisa e produção acadêmica. Há, ainda, intercâmbio com os programas de pós-graduação da Universidade Federal da Grande Dourados, UFGD, especialmente no que se refere à Sociologia e Antropologia, os quais os egressos já integram, como a participação em eventos e grupos de pesquisa dessa instituição de ensino superior. 

No que se refere ao ensino, o curso de Ciências Sociais conta, desde 2014, com dois projetos vinculados ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência: o de Ciências Sociais e o Interdisciplinar, esse último envolvendo também estudantes de História, e se dedicando a promover a formação de professores a respeito das temáticas da educação escolar indígena, história e cultura indígena e história e cultura africana e afrodescendente. Nesse sentido, além do intercâmbio proporcionado pelo Estágio Curricular Supervisionado, docentes e discentes atuam em escolas urbanas e indígenas, salientando-se que o projeto interdisciplinar visa integrar, preferencialmente, estudantes indígenas. Desenvolve, ainda projetos de ensino, de acordo com as temáticas consideradas relevantes em um determinado momento. 

A Unidade de Amambai tem uma ampla projeção na comunidade, a partir dos projetos de extensão e o curso de Ciências Sociais acompanha essa tendência, com os professores coordenando projetos e orientando estudantes em bolsas de iniciação à extensão junto a crianças, idosos, indígenas, escolas. Em 2017, amplia essa área de interesse para os projetos voltados para a cultura e lazer, através do projeto “SOCHIARTE: ciclo de debates e ações culturais”, que envolve também docentes e discentes de História, criando espaços de fortalecimento do diálogo entre os dois cursos.

 

 ATIVIDADES COMPLEMENTARES – AC 

Atendendo à necessidade de flexibilização do currículo, para possibilitar que o estudante seja sujeito de sua formação profissional, as Atividades Complementares – de caráter obrigatório - caracterizam-se como atividades de estudos integradores, que permitem maior dinamicidade ao curso. São consideradas Atividades complementares aquelas desenvolvidas pelo estudante, no âmbito ou fora da Instituição, a partir do ano do seu ingresso no curso.

 A integralização curricular das atividades complementares é possível com a comprovação, mediante declarações ou certificados apresentados à coordenação de curso, durante o decorrer do curso e antes do término da última série o graduando deve ter cumprido as 200 horas exigidas pela legislação vigente, indispensável para a colação de grau. Os objetivos gerais das atividades complementares são os de flexibilização do currículo pleno do Curso e propiciar aos seus estudantes a possibilidade de aprofundamento temático e interdisciplinar. 

São consideradas Atividades Complementares, para fins de integralização da carga horária do currículo pleno do Curso: 1. participação em eventos diversos (seminários, encontros, congressos, apresentações, simpósios científicos, artísticos e culturais etc. na área ou em áreas afins); 2. desenvolvimento de atividades de pesquisa orientadas por docente do Curso e aprovadas pelo respectivo Colegiado; 3. participação em Grupos de Pesquisa cadastrados junto a órgãos de fomento à pesquisa; 4. apresentação de trabalhos, comunicações e artigos em eventos científicos, de qualquer natureza; 5. publicação de trabalhos, comunicações e artigos em revistas especializadas na área ou em áreas afins; 6. atividades de extensão coordenadas por docente do Curso e aprovadas pelo respectivo Colegiado; 7. monitorias em disciplinas pertencentes ao currículo pleno do Curso; 8. representação discente em instâncias colegiadas da UEMS, bem como da Organização da Categoria (SBS, ABA e outras).

 As atividades, quando promovidas por outras instituições, necessitam ser validadas pelo Colegiado de curso, mediante requerimento justificado e documentado pelo estudante. Todas as atividades complementares devem ser comprovadas à Coordenação do Curso, mediante formulário próprio e a pedido do estudante. Compete à Coordenação do Curso encaminhar à Secretaria acadêmica as comprovações das atividades complementares. Podem ser desenvolvidas em qualquer fase do Curso, fora ou dentro do contexto institucional da UEMS. 

 ORGANIZAÇÃO CURRICULAR 

Os componentes curriculares serão oferecidos ao longo de 8 (oito) semestres, distribuídos em 3 (três) núcleos: disciplinas de formação específica das Ciências Sociais; disciplinas direcionadas para a formação pedagógica e disciplinas que visam a diversificação e ampliação da formação do licenciado em Ciências Sociais. Disciplinas do núcleo de formação pedagógica serão oferecidas conjuntamente com o Curso de História e, para tanto, estão alocadas no mesmo ano letivo e semestre. Para efeito de integralização de carga horária e formação direcionada por e para tecnologias da informação, alguns componentes curriculares, no todo ou em parte, serão ofertados através da Plataforma Moodle, via Ead.