A UEMS tem a missão de “gerar e disseminar o conhecimento com vistas ao desenvolvimento das potencialidades humanas, considerando os aspectos políticos, econômicos, sociais, culturais e de inovação do Estado, com compromisso democrático de acesso à educação superior e fortalecimento de outros níveis de ensino em consonância com as demandas socioeducacionais e ambientais da sociedade sul-mato-grossense” (PDI, 2021-2025, p. 31). Desde o início da sua trajetória, a proposta da UEMS visa o atendimento das necessidades da sociedade sul-mato-grossense, objetivando contribuir efetivamente para o desenvolvimento científico, tecnológico e social do Estado por meio do fortalecimento da formação de professores.
A Unidade Universitária de Campo Grande foi instituída a partir do oferecimento do curso Normal Superior, em 2000, fruto de uma parceria entre a UEMS e a Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso do Sul. Atualmente a Unidade possui 11 cursos de graduação e oferece 4 programas de pós-graduação Stricto Sensu. Em 2010, foi implantado o curso de Geografia, licenciatura, na Unidade Universitária de Campo Grande para ampliar a oferta de cursos de licenciatura da Unidade, fortalecendo o perfil em Ciências Humanas na interface com diversas outras áreas do conhecimento e possibilitando a associação entre os pesquisadores da UEMS e a sua pretendida verticalização. Ressalta-se, também, que o curso de Geografia ofertado pela UEMS na Unidade Universitária de Campo Grande é o único Curso presencial de licenciatura em Geografia, oferecido na Capital do estado.
No ano de 2013, o curso de Geografia, licenciatura, foi reconhecido pelo Conselho Estadual de Educação. Em seu parecer, a Câmara de Educação Profissional e Educação Superior (CEPE) do Conselho Estadual de Educação do Mato Grosso do Sul (CEE/MS) destaca que: "O curso de Geografia da UEMS - Unidade de Campo Grande - atende a uma demanda local/regional, em uma capital de estado que ainda não possuía curso de Geografia em uma Universidade Pública e, neste sentido, seus objetivos são suficientemente coerentes com o contexto educacional. A implantação do Curso Geografia em Campo Grande materializa um dos princípios de criação da UEMS como instituição pública atenta às necessidades de todas as localidades do território sul-mato-grossense" (CEE/MS, 2013, p. 3).
No decorrer do processo de avaliação, bem como após o reconhecimento do curso de Geografia, licenciatura algumas questões foram objeto de maior reflexão por parte dos membros do Comitê Docente Estruturante, Comissão de Autoavaliação do Curso, comunidade acadêmica e colaboradores, que juntamente com o parecer da Comissão de Avaliação Externa, resultou na necessidade de reformulação do Projeto Pedagógico do Curso.
A reestruturação do Projeto Pedagógico do Curso foi acompanhada de uma reestruturação do curso com ampliação do quadro de professores efetivos, estruturação dos laboratórios, capacitação dos docentes em pós-doutorado, ampliação dos convênios e fortalecimento das parcerias institucionais, o que contribuiu para elevação do conceito do curso no ano de 2019, quando passou por novo processo de reconhecimento.
"O curso de Geografia, licenciatura atende muito bem os requisitos legais e normativos. Verificarmos, particularmente, que a Unidade Universitária de Campo Grande, com sede própria desde meados de 2015, apresenta boa infraestrutura, condições de trabalho e espaço físico adequado em relação à acessibilidade para pessoas com deficiência e/ou mobilidade reduzida, garantindo acesso democrático à educação superior, em especial, no curso avaliado" (CEE, 2019, p. 9).
Tendo por base as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível superior estabelecida na Resolução CNE/CP 02, de 20 de dezembro de 2019, a reformulação desse Projeto Pedagógico de Curso foi concebida para que o egresso tenha uma formação pluralista, capaz de articular teoria e prática, contemplando a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, respaldada numa sólida formação interdisciplinar, com perspectiva inclusiva e de valorização à diversidade e aos princípios educativos.
Contexto da Educação Básica da Região
O estado de Mato Grosso do Sul está localizado na região Centro-Oeste do Brasil, junto com os estados de Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal. Devido a sua posição geográfica, faz divisa com cinco estados brasileiros: Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Goiás e Mato Grosso, e
com dois países: Bolívia e Paraguai.
De acordo com IBGE (2010), o estado é formado por 79 municípios, com extensão territorial de 357.145,532 km², representando 22,2% da região Centro-Oeste e 4,19% do Brasil, sendo que 25% deste total, ou seja, 89.318 km², correspondem ao Pantanal Sul-Mato-Grossense, uma das maiores extensões úmidas contínuas do planeta.
Segundo o IBGE em 2010 o estado possuía uma população de 2.449.024 habitantes e densidade populacional de 6,86 hab/km². Desde total, 2.097.238 residiam na zona urbana e 351.786 na área rural. Ainda segundo o IBGE (2021), a população estimada apresentou um aumento para 2.839.188 habitantes. No que se refere aos indicadores socioeconômicos, o estado apresentou um Produto Interno Bruto (PIB) em 2018 de 106.9 bilhões. De acordo com PNUD (2017), o Índice de Desenvolvimento Humano (IDHM - PNAD) do estado foi 0,766 ficando em décimo lugar no ranking dos estados e Distrito Federal. Enquanto o IDHM da renda foi de 0,84 configurando o oitavo lugar no ranking, o IDHM específico da educação foi de 0,71 ficando em décimo quinto na classificação.
A população de Mato Grosso do Sul é composta por uma diversidade de origens e culturas, que inclui pessoas de diferentes nacionalidades com migrantes de todas as regiões do país, populações do campo (incluídos os acampamentos e assentamentos rurais), comunidades em áreas indígenas e em áreas remanescentes de quilombos e povos das águas (populações ribeirinhas e pantaneiras).
Essa diversidade requer a implantação de políticas públicas educacionais que absorvam as singularidades de cada grupo humano, em seus ciclos de vida, em cada contexto social, imprimindo grandes desafios ao cenário da educação escolar, como o de assegurar o acesso, a permanência com qualidade social e o êxito no processo de escolarização.
O atendimento a essas singularidades perpassa a definição de estratégias que considerem a realidade socioeconômica e cultural de cada região e vislumbrem melhorias na qualidade da educação desenvolvida no estado, por meio da formação de docentes, da capacitação da gestão escolar e da melhoria das condições físicas e pedagógicas, na estrutura das instituições educativas.
O Plano Estadual de Educação (PEE) 2014 – 2024 tem o objetivo de desenvolver diretrizes e ações para o atendimento educacional da diversidade da população Sul-Mato-Grossense, além de políticas específicas para a educação especial e as delineadas transversalmente voltadas para a igualdade de gênero, racial e outras diferenças.
Observando os dados sobre a educação no estado, de acordo com IBGE (2020) havia, no ano de 2020, 104.878 estudantes matriculados no Ensino Médio e 8.062 docentes, no Ensino Fundamental havia 21.192 docentes e 392.015 estudantes matriculados. Já em relação aos estabelecimentos educacionais, os dados demonstram que em 2020 o Ensino Fundamental contava com 1.138 escolas e o Ensino Médio 421 escolas. No ano de 2019 o estado apresentou um Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) de 5,5 nos anos iniciais do Ensino Fundamental e 4,6 para os anos finais do Ensino Fundamental, ambos da rede pública de ensino. Conforme dados IBGE/PNAD (2012) dos matriculados no Ensino Fundamental, apenas 67,4% concluem a etapa até os 16 anos.
Segundo os dados do CENSO/INEP/MEC, as escolas públicas do estado de Mato Grosso do Sul e do município de Campo Grande contam com mais de 22.000 docentes nas diversas áreas do conhecimento. Deste total, 95% têm curso de licenciatura completo. Tal ação está em consonância com o que é proposto pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) - Lei nº 9.394/96, que preconiza a necessidade do profissional possuir licenciatura plena na área. Assim, para atender as demandas relacionadas à educação básica do estado de Mato Grosso do Sul, há que se priorizar os diversos contextos sociais, culturais, econômicos e ambientais para assegurar a todos a igualdade de direito à educação pública de qualidade.
