UEMS 30 anos: A Universidade do povo de MS

UEMS 30 anos: A Universidade do povo de MS

65% dos diplomados são oriundos de escolas públicas do MS

Por:Eduarda Rosa 06/12/2023 11:28

A Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) nasceu, em 1993, com a meta inicial de formar professores para fortalecer a educação básica do interior do Mato Grosso do Sul. Com isso, das 18 ofertas de cursos, 11 eram licenciaturas, com 830 matriculados no total. Já em 2023, são cerca de 7,5 mil acadêmicos matriculados, em mais de 70 cursos (bacharelados, licenciaturas e tecnológicos), que são ofertados de forma presencial e na modalidade da educação a distância, em polos da Universidade Aberta do Brasil - UAB. 

Presente em 15 cidades de MS com unidades universitárias físicas (Amambai, Aquidauana, Campo Grande, Cassilândia, Coxim, Dourados, Glória de Dourados, Ivinhema, Jardim, Maracaju, Mundo Novo, Naviraí, Nova Andradina, Paranaíba e Ponta Porã) e mais dois municípios com ofertas de cursos (Costa Rica e Bataguassu), além de 13 municípios com polos de Educação a Distância pela UAB. Nestas três décadas foram diplomados cerca de 20 mil acadêmicos nas graduações da UEMS, sendo 65% oriundos de escolas públicas de Mato Grosso do Sul e 76,07% do total vindos de escola pública (MS e outros Estados do Brasil), conforme dados da Diretoria de Registro Acadêmico de 2008 a 2022.

Na época da fundação da Universidade, os jovens iam para outros Estados para fazer cursos universitários, os recursos humanos eram “exportados” para São Paulo e Minas Gerais, principalmente. Assim, a instalação da UEMS foi considerada a principal ação daquela gestão do Governador Pedro Pedrossian, pois criou-se um centro formador de mão de obra qualificada para a sustentação do processo de desenvolvimento de MS.

De forma inédita no país, a proposta inicial da Universidade, em sua criação, era que as Licenciaturas fossem rotativas, ou seja, abria-se o vestibular para um curso, por quatro ofertas consecutivas e, quando a demanda da região estivesse atendida, o curso iria para outra Unidade Universitária. A rotatividade dos cursos ocorreu até 2002, pois os objetivos iniciais foram cumpridos.

Atualmente oferta 2,5 mil vagas todos os anos em vários processos seletivos: Processo seletivo vestibular, processo seletivo permanente (notas do Exame Nacional do Ensino Médio [Enem] e histórico escolar), Sistema de Seleção Unificada (Sisu) com notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), portador de diploma, transferências internas e externas, além de processos específicos e para cursos específicos e de EaD. 

A Universidade reserva na graduação 45% das vagas para os sistemas de cotas. A UEMS já completou 20 anos da criação da primeira política de cota, sendo a primeira, em 2002, com a reserva de vagas para indígenas, que teve o percentual de 10%, e em 2003 a reserva de 20% das vagas para negros/as (pretos/as e pardos/as). “No Brasil, a UEMS foi a primeira universidade a criar cotas para indígenas e a terceira a criar cotas para negros/as”, conforme ressalta a docente da UEMS, Drª. Maria José de Jesus Alves Cordeiro, que foi responsável pela implantação de todas as cotas da UEMS e Pró-reitora de ensino de 2000 a 2005 e de 2019 a 2023. Em 2020, foi incluída a reserva de 10% para Residentes em Mato Grosso do Sul e, em 2022, 5% para pessoas com deficiência e transtornos globais do desenvolvimento (PCD).
 

 

Pandemia

Durante a pandemia de Covid-19, a UEMS se reinventou com aulas remotas, os/as alunos/as da graduação prosseguiram suas atividades e a UEMS passou a formalizar parcerias para garantir o menor impacto possível aos discentes. 

A Pró-reitora de Ensino foi responsável pelo sistema de ensino remoto na graduação durante toda a pandemia, com o auxílio dos órgãos auxiliares da área tecnológica, para funcionamento dos sistemas e plataformas, e de registro acadêmico. A UEMS assumiu o ensino emergencial remoto a partir de aprovação no Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE), da Câmara de Ensino e dos Coordenadores de cursos.

"A PROE trabalhou incansavelmente para que a Universidade chegasse ao final da pandemia com egressos, com novos matriculados e com processos seletivos realizados. Foram feitos vários ajustes nos calendários: em 2020 foram 11 calendários e em 2021, 9 calendários", destaca Maria José de Jesus Alves Cordeiro, Pró-reitora durante aquele período.

O Edital de Auxílio à Internet Emergencial também foi lançado visando atender alunos/as de baixa renda, com dificuldades de acesso. O trabalho foi prosseguindo no Ensino, Pesquisa e na Extensão.

Em 2020, mesmo em meio a pandemia, a instituição vivenciou a colação de grau de sua primeira turma de Medicina de forma presencial, com todo o aparato de segurança e no sistema drive in, em que os convidados ficaram em seus carros para assistir a cerimônia. Também houve a aprovação do retorno do Vestibular institucional, após 10 anos. 

A UEMS ofertou pela primeira vez o Processo Seletivo de Ingresso aos Cursos de Graduação para Refugiados, Migrantes em Situação de Vulnerabilidade e Apátridas em 2022. Tratou-se de uma iniciativa pioneira de impacto social na vida da população estrangeira em situação de vulnerabilidade no Estado.

 

Durante a pandemia, formatura da primeira turma de Medicina da UEMS 

 

Reformulação da graduação presencial

De 2020 a 2023, foram aprovados planos de expansão da graduação, em que foram aprovadas cerca de 20 novas ofertas de graduações, além da alteração de projetos pedagógicos de dezenas de cursos - inclusive durante a pandemia foram criados quatro novos cursos.

“A demanda de expansão de cursos atende uma necessidade de ampliar as oportunidades do povo de Mato Grosso do Sul. A gestão da UEMS sempre buscou dialogar com a sociedade, visando atender essas demandas, principalmente no interior do Estado. Particularmente, meu sentimento é de gratidão a toda comunidade acadêmica por acreditar nesse novo momento, proporcionar novos cursos e novas formações para nossa sociedade. Sem dúvida, a UEMS nos seus 30 anos amplia suas vagas e conquista seu espaço, com muito trabalho, respeito e dedicação de todos e todas”, ressalta o Reitor da UEMS, Prof. Dr. Laércio Alves de Carvalho.

A UEMS é protagonista no país na criação do primeiro Curso de Pedagogia Intercultural (Licenciatura), ofertado na Unidade da UEMS em Amambai. Este curso foi o primeiro no Brasil com essa nomenclatura, ele foi criado pela UEMS e aprovado no sistema do Ministério da Educação. Essa graduação foi primeiramente ofertada para professores guarani e kaiowá que estejam atuando nas escolas municipais de Amambai e Caarapó. O processo seletivo será feito separado dos demais cursos.

Em setembro deste ano, foram aprovados três novos cursos voltados à população indígena do Estado de Mato Grosso do Sul: o curso de Agroecologia Intercultural para os Povos Indígenas do Pantanal (bacharelado) a ser ofertado na Unidade Universitária de Aquidauana;  o curso de Agroecologia Intercultural (tecnológico) para Amambai; e o curso de  Agroecologia Intercultural (tecnológico) para Indígenas Apenados em Regime Semiaberto e Indígenas não Apenados de Dourados. Os cursos serão ofertados em 2024, em convênio com o governo federal, por meio do Ministério dos Povos Indígenas. 

Aula Magna do Curso de Pedagogia Intercultural em Amambai - Foto: Prefeitura de Amambai

 

Nessa perspectiva, a UEMS oportuniza a possibilidade de fortalecimento das Unidades Universitárias de Aquidauana e de Amambai em seus perfis interculturais, bem como Dourados, por sua localização geográfica; e, considerando ainda o fortalecimento da Universidade em seu alinhamento com a inclusão e o desenvolvimento no Estado de Mato Grosso do Sul.

“O curso de Tecnologia em Agroecologia Intercultural, a ser ofertado em Dourados, tem o objetivo de construir um sistema que viabilize a integração social de indígenas apenados em regime semiaberto, inserção no mercado de trabalho, e também formar protagonistas no processo de desenvolvimento da cidadania e acesso a melhores condições de qualidade de vida aos indígenas egressos apenados e não apenados, e às comunidades indígenas que receberão as práticas e atividades de extensão. Portanto, realizar ações inovadoras faz parte do protagonismo da UEMS na história da educação superior do estado e do Brasil”, explica a docente e ex-Pró-reitora de Ensino responsável pela criação e aprovação dos cursos, Drª. Maria José de Jesus Alves Cordeiro.

 

Projetos para os próximos anos

O Pró-reitor de Ensino, Walter Guedes, ressalta que para esta nova gestão (2023-2027), as políticas de ensino de graduação da UEMS têm como premissa a dimensão do conhecimento como um ato dinâmico, plural, coletivo, transitório e transformador da realidade social. “Para tanto, prioriza o ensino de qualidade com diversidade de práticas sociais e com respeito à pluralidade e diversidade étnico-racial, de gênero, da sexualidade, geracional, cultural, social e de ideias, com foco em alguns eixos estruturantes”.

Ao longo destes próximos anos diversas ações serão executadas, como: Discutir e implementar novas formas de ingresso na UEMS; Implantar plataforma digital para o informatizar todos os processos e fluxos que envolvam a graduação; Implementar ações que permitam a flexibilização curricular e ampliem a mobilidade acadêmica; Fomentar possibilidades de núcleos comuns de disciplinas e unificação curricular, respeitando as especificidades e os contextos regionais dos cursos; Incentivar, de maneira sistemática e contínua, discussões sobre o processo de ensino e aprendizagem, projetos pedagógicos, oferecendo suporte institucional a novas propostas, bem como, estimular práticas inovadoras e inclusivas; Ofertar permanentemente cursos para a formação continuada, tecnologias digitais e comunicacionais aos coordenadores, professores e secretários de cursos.

Também será meta: Criar um Programa de Acompanhamento Pedagógico ao(a) acadêmico(a), tanto de ingressos quanto de egressos; Ampliar o número de parcerias externas, a fim de possibilitar aos(as) acadêmicos(as), oportunidades de vivências imersivas em todas as áreas de conhecimento; Aperfeiçoar a implementação da Curricularização da extensão da UEMS articulado com a PROEC; Aprimorar os processos de seleção e concurso docente; Discutir e aprimorar os processos que envolvam a inserção de carga horária EAD nos cursos presenciais e as práticas pedagógicas; Aumentar a parceria e diálogo entre os diferentes cursos que compõem o mesmo Núcleo de Ensino; Fortalecer e aprimorar a cultura do diálogo e do debate na Câmara de Ensino; Aprimorar o acolhimento e inclusão de pessoas com deficiência e em cursos de formação continuada para a comunidade acadêmica.

Além de buscar a ampliação das vagas de concurso para as unidades interioranas; Fortalecer a atuação do CDE para pensar, refletir, conceber, construir, redigir, implementar e avaliar um Projeto Político Pedagógico; Formular uma agenda de trabalho coletiva para as Comissões de Estágio Curricular Supervisionado e para o Trabalhos de Conclusão de Curso; Discutir e implementar uma política de combate à evasão e reprovação.  Ampliar e fortalecer a parceria da UEMS com as escolas de educação básica e outros espaços institucionalizados no Mato Grosso do Sul e no Brasil; Promover a criação da Escola de Aplicação, em parceria com a Secretaria de Estado de Educação de MS.
 

Ampliação da EaD

Somando aos cursos presenciais, atualmente, a UEMS conta com três cursos de graduação (Ciências Sociais, Pedagogia, Administração Pública) a distância que são oferecidos em 13 polos de apoio presencial da Universidade Aberta do Brasil (UAB), além de cursos frequentes de aperfeiçoamento/capacitação e de disciplinas de cursos presenciais, que são oferecidas com carga horária parcial ou total na modalidade a distância. Ao longo de quinze anos de efetiva ação, a Educação a Distância da UEMS teve 3.721 matrículas, formou 1.424 alunos/as e conta com 661 alunos/as ativos.

Seu histórico começa em  2002, quando foi implantado o Núcleo de Educação e Tecnologia (NET), vinculado à Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários, encarregado de elaborar ações que sensibilizassem a comunidade interna da UEMS. Em novembro de 2007, o setor passou a ser vinculado a Pró-Reitoria de Ensino que definiu entre suas metas promover discussões sobre a Educação Profissional e Tecnológica de Nível Superior e sobre Educação a Distância no âmbito da UEMS. 

 

Em 2023, a UEMS tem cursos EaD nos Polo UAB de: Água Clara, Aparecida do Taboado, Bataguassu, Bela Vista, Camapuã, Costa Rica, Coxim, Japorã, Miranda, Paranhos, Porto Murtinho, Rio Brilhante e São Gabriel do Oeste. Foto do Polo de Japorã, localizado na aldeia indígena Porto Lindo, que foi o primeiro núcleo universitário construído dentro de uma aldeia indígena no Brasil.

 

Entretanto, a EaD/UEMS passou a existir de forma institucionalizada em 2008; em 2012, a Assessoria foi oficialmente criada e em setembro de 2015, passa a ser Diretoria de Educação a Distância (DED) da UEMS.  Ainda em 2012, a DED-UEMS propôs e aprovou os seguintes cursos a distância, vinculados ao PNAP: Bacharelado em Administração Pública, Especialização em Gestão Pública e Especialização em Gestão em Saúde. 

De acordo com o Diretor de Educação a Distância da UEMS, Frederico Fernandes, os próximos anos são desafiadores, com as principais metas de sistematização de processos pedagógicos e tecnológicos-digitais, ampliação da infraestrutura tecnológica e formação de pessoas. “Dessa forma, nosso planejamento estratégico a curto prazo se concentrará na implementação de tecnologias educacionais inovadoras para aprimorar a experiência dos estudantes, professores, tutores, entre outros, como plataformas com mais recursos interativos, vídeos educacionais e recursos de colaboração on-line”. 

Além disso, será crucial realizar formações continuadas eficazes para professores e tutores, bem como equipe administrativa, garantindo que estejam aptos a utilizar eficientemente as novas tecnologias. No médio prazo, o foco será na expansão da oferta de cursos de Graduação e Pós-Graduação, diversificação de modelos didáticos para a modalidade a distância e na consolidação de práticas pedagógicas inovadoras que promovam a aprendizagem ativa e personalizada. Isso exigirá parcerias estratégicas, tanto com setores da UEMS como Instituições de Ensino Superior Públicas, municipais, estaduais e federais. 

“A longo prazo, o objetivo será consolidar a posição da instituição como referência na região centro-oeste em relação a modalidade de Educação a Distância, investindo em pesquisa e desenvolvimento de modelos e estratégias de ensino ainda mais avançados, promovendo a internacionalização dos cursos e ampliando o acesso à educação de qualidade, gratuita e socialmente responsável. Essa abordagem abrangente e progressiva visa garantir a adaptação contínua às demandas da sociedade aliado ao cenário educacional digital”, enfatiza o docente.