Observatório da Democracia, Políticas Públicas e Desenvolvimento de Mato Grosso do Sul - OBSERVA/MS

Projetos em andamento

2024 - Atual - Os Efeitos do agronegócio na reestruturação urbana, desenvolvimento e sustentabilidade no estado de Mato Grosso do Sul: panoramas emergentes

    O estado de Mato Grosso do Sul, notoriamente é um dos estados mais jovens da federação e vem passando gradativamente por transformações importantes ao longo das últimas décadas. Oferecendo enormes incentivos a fixação de novos investimentos no estado. Sob esta esteira, ponto de vista econômico, um dos atores apontados como centrais para o processo de mudança do estado é o agronegócio, ou para ser mais preciso, os agronegócios, dada a diversidade de atores deste segmento. Em síntese, entre 1990-2005, o agronegócio, palavra derivada o “agribusiness” era visto apenas como uma cadeia produtiva que envolveria fabricação de insumos, produção em estabelecimentos agropecuários e da transformação até seu consumo. (CONTINI, et. al. 2006).

              Atualmente é possível se falar como define Elias (2024) de um agronegócio globalizado, ou seja, uma rede complexa de atividades em múltiplas escalas envolvendo produção, beneficiamento, transformação, modificação, comércio, serviços entres outras etapas, incluindo fundo de investimentos. Em termos espaciais, podemos vincular a questão as chamadas “cidades do agronegócio”. Termo que indica o espaço delimitado de atuação concentrada deste segmento. 

         Os agronegócios notoriamente tem influenciado todo o estado de Mato Grosso do Sul em múltiplos cenários e, embora, um dos seus principais destaques ainda seja a produção de grãos e carne é possível perceber um evidente cenário de crescimento da exploração comercial do eucalipto, que tem ganhado cada vez mais espaço, ampliando a diversidade econômica e atraindo investimentos bilionários, especialmente na Região Leste o estado. Região que segundo a Secretaria do Desenvolvimento, Meio Ambiente Semadesc (2024)[1], viu crescer em 436% nos últimos 14 anos o cultivo do eucalipto, que elevou a plantação em mais de 1, 5 milhão de hectares. Além disso, segundo a Secretaria, os municípios da região receberam nos últimos anos investimentos de mais de 50 bilhões de reais, o que evidenciou a região como o mais novo vale da celulose do país. Por outro lado, vale considera aqui como destacou Contini et al (2016) agricultura deverá ter um papel fundamental para a redução do aquecimento global, especialmente na redução da emissão de gases-estufa.

         Todavia, embora os eucaliptos seja uma espécie florestal de crescimento rápido, com boa capacidade de sequestrar carbono da atmosfera durante seu desenvolvimento, também podem reduzir a biodiversidade local, não oferecendo um habitat adequado para muitas espécies de fauna e flora (LUSTOSA-SOBRINHO et. al 2022). Outros trabalhos como Oliveira et. al (2021); e PIATI, et. al. (2023), também, convergem nesta linha, o que mostra que a questão do agronegócio, em especial, os derivados da indústria de transformação é um ponto significativo de analise. Uma vez que lança luzes sobre os reais fatores que impactam de diferentes formas nas mudanças da economia local, nas dimensões sociais e contextos ambientais. Sobretudo, em torno do desenvolvimento e sustentabilidade regional, a partir das chamadas “cidades do agronegócio”. Isto em virtude de influenciar em diferentes medidas, as mudanças que ocorrem especialmente na configuração de seus territórios e espaços urbanos.

         Face a este amplo cenário nossa preocupação nesta abordagem é de trazer à baila diferentes contextos que se convergem, sobretudo, no que tange a três eixos analíticos chaves: Reestruturação urbana, desenvolvimento e sustentabilidade social e ambiental. A primeira e mais abrangente se ancora em torno de estudos que envolvem estado, governo, política e sociologia urbana. Já a segunda prioriza questões políticas econômicas e, por enfim, a linha que envolve a discussão sobre sustentabilidade social e ambiental, sobretudo, sob o viés de um conjunto de problematizações acerca dos biomas agriculturáveis do estado. Debate que se vincula diretamente a uma discussão importante, ou seja, vai de encontro ao que mencionaram Pereira e Siena (2018), ou seja, da necessidade de fortalecer a capacidade dos países para lidar com os impactos das mudanças climática, visto que o carbono se tornou uma commodity importante no mercado do carbono.

           Em torno deste amplo contexto buscamos responder ao menos duas questões gerais: 1) Quais os efeitos dos agronegócios na reestruturação urbana, desenvolvimento e sustentabilidade no estado de Mato Grosso do Sul? 2) Como as relações e correlações existentes entre os agronegócios e urbanização, atuam, sobretudo, na transformação regional do estado. A presente linha de análise é fecunda e pode ser desdobrada em diferentes frentes analíticas que aqui se voltam a abordagem dos impactos econômicos e sociais dos grandes investimentos no estado, bem como em torno da estruturação ou reestruturação urbana dos principais municípios em torno da tríade: desenvolvimento, economia e sustentabilidade. Ambos os elementos derivados da análise das políticas públicas, estado e governo. Ou seja, os promovedores originais dos movimentos de transformação.

 Equipe:

Coordenador geral: Dr. Ailton de Souza

Colaboradores docentes internos:

Dr. Carlos Eduardo França (Convidado)

Dra. Luciana Henrique Silva (Convidada)

Dr. Rogério da Palma (Convidado)

Dr. Sinomar Ferreira do Rio (Convidado)

Colaborador técnico interno

Dr. Renato Lustosa (Convidado especial)

Colaboradores externos:

Dra. Patrícia A. B. Braga (UFMS) (Convidada)

Dr. Jean Camargo (UFG) (convidado)
 


[1] https://www.semadesc.ms.gov.br/com-crescimento-de-436-na-area-de-florestas-plantadas-e-polo-de-megafabricas-ms-mostra-potencia-do-vale-da-celulose/#:~:text=Com%20crescimento%20de%20436%25%20na%20%C3%A1rea%20de%20floresta%20plantada%20em,no%20setor%20industrial%20e%20florestal.