A I Semana Integrada da Consciência Negra (SICNe) teve início nesta quinta-feira (21) com uma extensa programação abrangendo ricas discussões sobre a temática divididas nos eixos de cultura e identidade, formação identitária, práticas antirracistas trajetória de cotistas e discussões sobre equidade racial. A programação ainda se estende na sexta-feira (22) com representantes de religiões de matriz africana e indígena em uma mesa redonda para discussões sobre intolerância religiosa e, num segundo momento, com a palestra sobre abordagens institucionais antirracistas.
A I SICN é organizada em conjunto pela Pró-reitoria de Ações Afirmativas, Equidade e Permanência Estudantil (PROAFE), de Extensão, Cultura e Assuntos Comunitários (PROEC) e de Desenvolvimento Humano e Social (PRODHS) e pelo Centro de Estudos, Pesquisa e Extensão em Educação, Gênero, Raça e Etnia (CEPEGRE). O evento tem como objetivo proporcionar um espaço de discussão, reflexão e proposição acerca das relações étnico-raciais, políticas de ações afirmativas, intolerância religiosa, trajetória de cotistas e caminhos para construção de práticas antirracistas.
No primeiro dia do evento, no período da manhã, a atividade contou com a participação do Procurador da República, Dr. Marco Antonio Delfino de Almeida, e da subsecretária de Políticas Públicas e Igualdade Racial/MS, Profª Irinéia Lina Cesário, além da Profª Drª Maria de Lourdes de Santos, da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD).
Na parte da tarde, a emoção tomou conta dos relatos de experiências de acadêmicos e acadêmicas cotistas da UEMS. A programação noturna levou oficina com a temática de turbantes com a egressa da UEMS, Beatriz Meira ao espaço Como Se Llama, que também recebeu feira criativa com expositores e empreendedores negros. Atrações musicais e desfile de moda autoral também movimentaram os participantes. A relação dos discentes, conforma a organização do evento: Alissa Bruna da Silva Souza, Alkson Batista, Ana Cristina da Silva Rocha, Ana Flávia Gomes Figueiredo, Claudiane Frazão, Jackline da Penha Rodrigues, Jose Ndiba Imbandu, Josyely Freitas Valério, Julia de Souza Silva, Lucélia Batista Rodrigues, Lucimar de Souza Arguelo, Maria Eliane Porto, e Naylla Alves Passos.
No segundo dia, a mesa de sacerdotes de religiões de matriz africana e indígena discutiram a pauta da intolerância religiosa com a moderação do técnico da UEMS, Gabriel Jager Ramos. Estiveram presentes Naiara Fernandes, Makota do Terreiro de Candomblé Ilê Megemulebaonã; prof. Dr. Sikiru Olaitan Bagolun, da Mesquita de Dourados; Pai Sérgio Garcia, Dirigente do Templo Escola de Umbanda Iansã, Senhora dos Ventos – TESV e Germano Kaiowá, integrante da Juventude Indígena e Conhecimentos Tradicionais. Num segundo momento, a profa. Dra. Vera Rodrigues, da Unilab/Ceará conduziu a palestra “Do acesso à graduação, à garantia de permanência e conclusão do curso: quais as estratégias institucionais possíveis?”.
Oficina de Grafite e Roda de Conversa denominada “A cultura hip-hop como manifestação cultural da juventude negra da periferia”, na Casa da Cultura da UEMS - Espaço Guaraoby, fecharam a programação da I SICNe.
A profa. Dra. Cíntia Diallo, chefe da Divisão de Ações Afirmativas e Equidade (DAAFE), vinculada à Pró-reitoria de Afirmativas, Equidade e Permanência Estudantil, foi a instância protagonista na organização do evento e contou com a colaboração das pró-reitorias de Extensão, Cultura e Assuntos Comunitários (PROEC) e de Desenvolvimento Humano e Social (PRODHS) e pelo Centro de Estudos, Pesquisa e Extensão em Educação, Gênero, Raça e Etnia (CEPEGRE).
"Finalizamos a I Semana integrada da Consciência Negra (I SICNe), com uma participação efetiva da comunidade interna e uma participação significativa da comunidade externa, que acompanharam as atividades por meio da transmissão no canal do YouTube. Nestes dias, discutimos questões de intolerância religiosa, caminhos institucionais para garantir o acesso, permanência e a conclusão dos cursos de graduação por alunos e alunas cotistas, entre outros importantes temas", afirmou a docente da UEMS.
Conforme Cíntia, os pontos importantes foram o lançamento da Cartilha Antirracista, como resultado de um esforço coletivo de pesquisadores e intelectuais da área para nomear algumas relações que estão postas em nosso cotidiano. "Estes termos nem sempre são corretamente categorizados e utilizadas. A cartilha tem a função de ser um mecanismo de reconhecimento de diferentes violações de raça, gênero e etnia de modo a promover a valorização das diferenças e o bem-viver em coletividade", destaca a integrante da PROAFE.
Ela ainda destaca a roda de conversa com cotistas que compartilharam seus relatos de vida. "Recebemos 16 cotistas de diferentes estudantes, negros, indígenas, PCDs e imigrantes que puderam comprovar como as cotas tem transformado as vidas destas pessoas, seja por meio de um conhecimento acadêmico específico em suas áreas, no reconhecimento de suas identidades, de direitos, no posicionamento em sociedade, enfim, dos desafios superados. A efetividade que a política de cotas tem garantido a estas pessoas. O resultado são, efetivamente, quebra de ciclos, mobilidade social e econômica e conquistas. Espero que no próximo ano, possamos ter um evento grandioso quanto o deste ano", conclui Cíntia.
A íntegra das discussões, mesas e relatos podem ser acessados nos links abaixo, que conduzem direto ao canal da PROAFE/UEMS no Youtube:
Abaixo imagens da Oficina de Turbante no Espaço Como se Llama, em Dourados.