UEMS formaliza convênio com Ministério dos Povos Indígenas para oferta de cursos interculturais

UEMS formaliza convênio com Ministério dos Povos Indígenas para oferta de cursos interculturais
Interinstitucional

UEMS formaliza convênio com Ministério dos Povos Indígenas para oferta de cursos interculturais

Cursos de Pedagogia e Agroecologia Interculturais serão ofertados em Amambai, Aquidauana e Dourados

AMAMBAI, AQUIDAUANA e DOURADOS
Por: Rubens Urue

17/11/2023 17:22

Na última quarta-feira (15) durante a visita da ministra Sônia Guajajara, do Ministério dos Povos Indígenas - MPI, ao Estado de Mato Grosso do Sul, o reitor da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), prof. Dr. Laércio de Carvalho, junto do pró-reitor, prof. Dr. Diógenes Cariaga, responsável pela Pró-reitoria de Ações Afirmativas, Equidade e Permanência Estudantil (PROAFE) formalizaram importantes convênios para implantação dos cursos de Pedagogia Intercultural - licenciatura (Amambai) e de  Agroecologia Intercultural nas modalidades tecnológico em (UEMS/Aquidauana) e bacharelado (UEMS/Dourados).

Laércio e Diógenes acompanharam a recepção da caravana do MPI, em Campo Grande, juntamente com o Governador, Eduardo Riedel, em recepção na qual foram discutidas junto à ministra, pautas que reforçam o diálogo por direitos dos povos originários no Estado de MS. A inserção inédita da UEMS no movimento de recepção e articulação junto à ministra teve como resultado a formalização de incentivos financeiros a cursos de graduação voltados à promoção dos povos indígenas nos municípios de Amambai, Aquidauana e Dourados. A articulação foi protagonizada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), com a iniciativa da Caravana "Participa Parente".

"É um momento histórico para a UEMS assinar um convênio diretamente com o MPI que viabilizará a implantação de cursos específicos para as populações indígenas. É um convênio pioneiro e um dos únicos formalizados entre o Ministério dos Povos Indígenas e uma Universidade. Estamos muito orgulhosos por essa oportunidade em levar educação superior e e desenvolvimento social aos povos originários aqui no Estado de MS", destaca o reitor da UEMS.

Para Laércio de Carvalho, trata-se do fortalecimento da interiorização e com a apoio de prefeituras e do Governo do Estado. "Estes cursos buscam promover a formação de profissionais indígenas que atuem com vitrines agroecológicas, ampliando a produção com base no conhecimento tradicional destes povos", avalia o gestor da Universidade.

Após o encontro na capital, os integrantes da UEMS acompanharam a comitiva da Ministra Sônia Guajajara até o município de Nioaque, onde presenciaram a 16ª Assembleia do Povo Terena, ocorrido na aldeia Cabeceira, um dos maiores eventos indígenas do Estado de Mato Grosso do Sul.

Diógenes Cariaga, responsável pela PROAFE, destaca a relevância da visita de Guajajara e das garantias firmadas para ofertas de cursos aos povos originários que estão programadas para 2024. O convênio com o MPI vai garantir três cursos: Tecnólogo em Agroecologia Intercultural em Amambai, Bacharelado em Agroecologia Intercultural em Aquidauana e, em parceria com a UFGD Agroecologia, para indígenas apenados, no município de Dourados.

"Esse convênio reafirma o compromisso da UEMS em atender a população indígenas, que já ocorre desde a implantação de nossa política cotas, que completou 20 anos. Importante recordar que a UEMS foi a primeira IES pública a garantir essa forma de ingresso a esta povo. Para além disso, os cursos ampliam a possibilidade de pensarmos de que maneira os conhecimentos indígenas podem contribuir com a própria concepção de ensino público superior", informa Cariaga.

Ele explica que é necessário contemplar a dinâmica indígena, em relação ao saber dos povos tradicionais, seus modos de existências e a relação que eles pensam a ecologia, o cultivo e a produção de alimentos. "Devemos ampliar a perspectiva a não encararmos o povo indígena a partir de um olhar pro passado, mas devemos mirá-los dentro da concepção do futuro. Essas populações foram capazes de resistir ao contato forçado e todos os seus efeitos, garantindo a produção e reprodução de conhecimentos às gerações", explica o pró-reitor da PROAFE.

Conforme Cariaga, esses cursos cumprem o papel de política pública com a oferta de ensino superior, mas vão além a partir do momento que "contribuem com um nova concepção sobre o manejo do mundo, uma vez que o sistema de produção não indígena vivencia uma profunda crise climática. Os indígenas mostram ao mundo que é possível de uma maneira simbiótica com a natureza, aprendendo com a natureza e não sob uma forma predatória. Esses cursos serão muito bem-vindos dialogando com os diferentes tipos de conhecimento", conclui o docente da UEMS.