Divisão de Ações Afirmativas e Inclusão visa conscientizar comunidade acadêmica
A Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), por meio Pró-reitoria de Ações Afirmativas Equidade e Permanência Estudantil (PROAFE) em parceria com o Centro de Estudo, Pesquisa e Extensão em Educação, Gênero, Raça e Etnia (CEPEGRE), lança nesta segunda-feira (20), no Dia da Consciência Negra, a Campanha UEMS Antirracista.
Com a missão de levar ensino superior ao interior do Estado, a UEMS também foi a Universidade pública pioneira a institucionalizar uma política de cotas específica voltada a negros/as (pretos/as e pardos/as) sendo a terceira IES pública em nível nacional nesta implantação. Num segundo momento, passou a incluir cotas para indígenas, sendo a primeira no país neste quesito.
A política institucional de Cotas com reserva de 20% de suas vagas para os negros/as (Lei no. 2.589, de 26/12/2002), 10% para os indígenas (Lei no.2.605, de 06/01/2003) e desde 2021, 10% para residentes do Mato Grosso do Sul. Durante o ano de 2003, a UEMS manifestou um amplo debate com a comunidade discente, com o intuito de tornar as leis estaduais, em resoluções aprovadas pelos conselhos superiores da Universidade.
Exemplo de arte lambe-lambe a ser fixada nas Unidades Universitárias da UEMS, com frases de ícones na luta contra o racismo.
Das discussões, pesquisadores/as das relações étnico-raciais, ativistas do movimento negro e indígenas, representantes do ministério público que foram as unidades a fim de enternecer docentes, técnicos/as e discente sobre conceito das reservas de vagas para negros/as e indígenas. Após muitos atritos as cotas foram aprovadas. O primeiro vestibular com cotas, tanto para indígenas quanto para negros/as foi em dezembro de 2003 para ingresso em 2004.
De acordo com a profa. Dra. Cíntia Diallo, responsável pela Divisão de Ações Afirmativas e Equidade (DAAFE), da PROAFE, e coordenadora do CEPEGRE/UEMS, "a UEMS é nacionalmente conhecida pelo seu protagonismo na implementação das ações afirmativas há duas décadas, foi a 3ª instituição, a reservar 20% de suas vagas para estudantes negras/os (pretas/os e pardas/os). Somos referência nos processos de realização das bancas de verificação fenotípica, que visam garantir o ingresso do público alvo, assim como coibir fraudes. Sem dúvida, a instituição venceu o desafio do acesso, atualmente, segundo os dados do DRA são 843 cotistas negros/as matriculados/as".
Não basta garantir o ingresso, é preciso combater o racismo estrutural
Cíntia reitera que, apesar de uma sólida política de cotas institucionalizada na UEMS, ainda há desafios a serem superados. "Apenas o acesso de pessoas negras não foi suficiente para superar o racismo institucional e estrutural, que assim como na sociedade, está fortemente presente na Universidade. Ainda que se tome cuidado para não cair nas generalizações, as diferentes dimensões da discriminação racial, se materializam nas complexas relações entre comunidade interna que, infelizmente produzem, por um lado, desigualdades, opressões, silenciamentos, subalternidades, desvalorização, desumanização das pessoas negras no ambiente acadêmico", pondera a docente da UEMS.
Profa. Dra. Cíntia Diallo, responsável pela Divisão de Ações Afirmativas e Inclusão da PROAFE/UEMS.
Nesse sentido, como estratégia para sensibilizar a comunidade acadêmica, a pedido da DAAFE, a Diretoria de Comunicação Social (DCS) desenvolveu as artes que integram a Campanha denominada UEMS Antirracista. "Ao assumir institucionalmente o Antirracismo a UEMS anuncia para toda sociedade. que reconhecer a existência do problema racial na sociedade brasileira e também no ambiente acadêmico. É preciso combatermos o modelo hegemônico de produzir saberes e modos de ser, viver e estar no mundo, garantindo maior diversidade de olhares sobre estas questões", ressalta Cíntia.
Cabe destacar que a PROEFE, por meio da Divisão de Ações Afirmativas e Equidade (DAAFE), terá papel fundamental no desenvolvimento de ações permanentemente de combate ao racismo, assim como no reconhecimento e valorização de epistemologias afro-brasileira, africanas e da diáspora. Enfim, são urgentes as ações que possibilitem o reconhecimento das diferenças, sem contudo produzir hierarquizações, ou ainda espaços de privilégios para alguns e desigualdades para outros.
A Campanha UEMS Antirracista visa abranger todas as Unidades Universitárias da UEMS. Os conteúdos abrangem posts com artes para redes sociais, impressões a serem fixadas nos espaços da UEMS e, também, serão produzidos vídeos com entrevistas de ingressantes e egressos/as de cursos de graduação e pós-graduação que tenham sido beneficiados pelas leis de cotas da Universidade. Confira aqui UEMS: Galerias alguns registros do IV Seminário Sul-mato-grossense em Educação, Gênero, Raça e Etnia, realizado nos dias 7, 8 e 9 deste mês em parceria do CEPEGRE e da PROAFE em alusão aos 20 anos de políticas de cotas da UEMS.
As artes desenvolvidas pela DCS buscam promover o assunto com informações pertinentes, inclusive com orientação para denúncias.